Nasceu em 02/01/1889 na fazenda Lageado
na cidade paulista de Botucatu. Faleceu no dia 1 de maio de 1951, com 62 anos, atropelado por uma
lotação na avenida Nova Cantareira. Tipo de morte prevista pelo médium segundo
relato de seu neto Luiz Mirabelli Júnior. Filho primogênito de Luigi Mirabelli,
um pastor protestante italiano e de Christina Scaccioto Mirabelli.
O escritor Jorge Rizzini afirmou que o
seu nome verdadeiro, ou correto seria Carmílio Mirabelli.
O jornal O Estado de São Paulo, em 18 de maio de 1916 cobriu a materialização. O Vanguarda, de fevereiro de 1933, abordou a
materialização, pelo médium, do espírito de São Francisco de Assis
Faleceu vítima de acidente de trânsito,
por atropelamento. Conduzido ao Hospital das Clínicas de São Paulo, veio a
falecer sendo atestada a fratura do seu crânio como "causa-mortis". O
corpo foi sepultado na tarde de 1º de maio de 1951 na campa 155 da quadra 27,
no Cemitério São Paulo.
Era muito eloqüente e comunicativo,
apreciava a natureza e gostava de fumar charutos e cachimbos. Mirabelli era
portador de diabetes.
Provavelmente o médium brasileiro de
efeitos físicos que apresentou mais tipos diferentes de fenômenos. Apresentou
diferentes mediunidades como a clarividência, psicografia em cerca de 30
linguas, xenoglossia, psicofonia, psicopictografia (deixou cerca de 300
quadros), levitação de seu próprio corpo e de objetos, transporte de de seu
próprio corpo e de objetos, tiptologia, execução de instrumentos musicais sem
ter essa capacitação, bem como de cantor em transe cantando com voz de tenor,
barítono e baixo.[1] Em
alguns transes mediúnicos Mirabelli apresentava rigidez cadavérica, em outras
alterações, como temperatura de até 39 graus, pulsação entre 120 e 150.
Mirabelli estudou até o terceiro ano
primário e ao falar cometia vários erros, embora em transe se manifestasse em
português correto.
Academia de Estudos Psychicos (depois
Centro de Estudos Psichicos) “Cesar Lombroso” (S. Paulo), Instituto Psíquico Brasileiro
de S. Paulo, Instituto Psíquico Brasileiro de Niterói, Academia Brasileira de
Metapsychica (Rio de Janeiro).
O periódico O Estado de São Paulo, em
18 de maio de 1916 cobriu a materialização, pelo médium, do espírito do
ex-bispo da Diocese de São Paulo, D. José de Camargo Barros, em sessão ocorrida
na cidade de Santos. Estiveram presentes médicos e oficiais da Força Pública de
São Paulo. O Vanguarda, de fevereiro de 1933, abordou a materialização, pelo
médium, do espírito de São Francisco de Assis.
Carlos Inglez de Souza no seu livro
Padre Zabeu Kauffman. Espírito Missionário do Além registra que o médium
Mirabelli teve três casamentos e cinco filhos. Morreu depois de ser atropelado,
fraturou o crânio e ter entrado em coma. Fernando Portela menciona o mesmo em
seu livro Além do Normal.[2]
A sua própria levitação causou muita
polêmica e até recentemente foi publicada na Internet, como suspeita de fraude.
Depoimento do neto do médium, Luiz
Mirabelli Júnior sobre a suspeita de fraude levantada na época em relação a
foto com sua levitação, em junho 2013: “Gostaria que você soubesse que a fraude
não fazia parte da vida mediúnica do meu avô. Com relação a foto da levitação,
personalidades paulistanas da mais alta patente e cientistas do mundo presentes
naquele dia do ano de 1933 iriam compactuar em uma fraude de tamanha
repercussão, pois acredito que talvez você não saiba que Carmine Mirabelli não
iria sujar o seu nome em uma fraude tão vulgar e envolver o nome das ilustres
personalidades cientificas do Brasil e do mundo que estudavam o fenômeno
Mirabelli e que estavam ali naquele dia.”
Faleceu vítima de acidente de trânsito,
por atropelamento. Conduzido ao Hospital das Clínicas de São Paulo, veio a
falecer sendo atestada a fratura do seu crânio como “causa-mortis”. O corpo foi
sepultado no Cemitério São Paulo.
Correio Paulistano – Sexta-feira, 9 de
junho de 1916, página 2
No mundo das maravilhas. É mister que
se faça luz na noite do mistério. O sr. Carlos Mirabelli, a nosso ver, não passa
de um hábil prestidigitador.
Como temos anunciado, o sr. Carlos
Mirabelli, aceitando o repto lançado por esta folha, realizou já duas sessões
em nosso salão nobre, sem que conseguisse produzir o mais ligeiro fenômeno de
mediunidade. Estamos certos mesmo de que os não produzirá, dada a vigilância
dos nossos representantes e de outros cavalheiros que constituem o júri que o
deve julgar, e cuja perspicácia não se pode pôr em dúvida.
Todavia, a benevolência com que o
“Correio Paulistano” se tem portado neste debatido caso, vai já causando
estranheza. Exigidas do sr. Mirabelli cinco sessões, dentre as quais devia e
deve ficar tudo esclarecido, são já decorridos 22 dias e apenas duas sessões se
realizaram. E não é que o prestidigitador precise de repouso, pois que de
contínuo se submete, fora desta casa, a todas as provas em residências
particulares, onde o “sucesso” se não faz esperar, onde os fenômenos se
multiplicam. Ainda ontem, anuncia a “Gazeta”, uma nova e extraordinária sessão
se realizou, em que novos e extraordinários fenômenos se produziram.
Tão fora do comum foram as proezas do
pseudo médium, que de tudo se lavrou uma ata… Uma gaveta girou sobre o gargalo
de uma garrafa e uma lâmpada se acendeu. Foi tudo, mas foi muita. Pois bem: o
“Correio Paulistano” precisava demonstrar, com fatos, que o que se transformou
nas já tão praticadas experiências do sr. Mirabelli não foi o cabelo em
espírito, mas simplesmente o lápis em gaveta… E, incontinenti, na presença de
numeroso auditório, fez, sobre uma simples garrafa, movimentar-se uma gaveta
que pesa cinco quilos e que mede 0,58 x 0,61, maior, portanto, que a de ontem,
lá para as bandas do Braz, causou assombro à grande assistência de que fala a
nossa colega vespertina. E não fez
somente isso: acendeu também uma lâmpada das que se achavam no candelabro e
mais uma ainda que repousava sobre a mesa do nosso salão nobre, sem nenhum
contato com o fio da eletricidade.
De tudo quanto, a esse propósito, ontem
se passou nesta redação, foi uma ata também lavrada e assinada por pessoas
insuspeitas e de inteira idoneidade. Ninguém, porém, das que assinaram,
desconhecia a existência do “truque”, que, todavia, não foi absolutamente
percebido na ocasião em que se realizavam os “fenômenos”, conforme se vê da
declaração firmada pelos srs. drs. Reynaldo Porchat e Bueno de Miranda.
O “Correio Paulistano” não encara esta
questão sob o ponto de vista científico, isto é, não nega que as manifestações
atribuídas ao sr. Mirabelli se possam realmente dar; o que negamos, com
fundamentos que serão dentro em breve publicados, é que o sr. Mirabelli as
produza sem embuste. E como os fatos, até agora realmente observados, provam
que tanto “lá” como “cá” as manifestações se realizam com a mesma ilusão dos
assistentes, razão não há para que se afirme afoitamente que a idéia da
prestidigitação seja afastada pelo só motivo de que Mirabelli negue a
existência do “truque”.
Precisamos não ser ingênuos….
Nós, abaixo assinados, reunidos na
redação do “Correio Paulistano”, assistimos ao seguinte:
Posta uma gaveta de cinco quilos em
cima do gargalo de uma garrafa, em posição de equilíbrio, vimos deslocar-se
essa gaveta em sentido rotativo, sem contato absolutamente nenhum com o
operador, sendo que na última houve também movimento de subida e descida das
extremidades da gaveta, movimento de gangorra, que terminou pela queda da
mesma, queda que se estendeu igualmente à garrafa.
A gaveta media sessenta e um
centímetros de comprimento por cinqüenta e oito de largura, pesando cinco
quilos.
S. Paulo, 8 de junho de 1916.
REYNALDO PORCHAT – Declaro ter
assistido à experiência a que se refere a ata supra, em condições semelhantes a
que me achava ontem á noite, na casa do sr. coronel Goulart. Depois da
experiência me foi mostrado o – truque – por meio de um fio de cabelo, que eu absolutamente
não tinha visto antes de me ser mostrado pelo operador.
Em virtude do que VI na aludida casa,
ontem, à noite, sendo operador o sr. Mirabelli, e do que acabo de VER, na redação do “Correio Paulistano”, continua
o meu espírito na mesma dúvida quanto á existência ou não de embuste para a
produção dos fenômenos provocados por aquele sr. O meu juízo definitivo somente
poderá ser manifestado, com convicção, depois de realizadas as cinco sessões,
exigidas pelo “Correio Paulistano”, em uma das salas da sua redação.
Dr. Bueno de Miranda, subscrevendo a
declaração do dr. Reynaldo Porchat.
Nestor Pestana, Manuel Leiroz, Gelasio
Pimenta, José Alves de Cerqueira Cesar Netto, Roberto Botelho, Sylvio de
Andrade Maia, Aristéo Seixas, J. F. de Mello Nogueira, Julio de Mesquita Filho,
João Alberto de Salles Filho, Theseu da Costa Negraes, W. Rodrigues, Antonelli
Salles.
Alcyr Porchat – (Declaro que esta
experiência me foi feita às 4 e meia da tarde, achando-me a metro e meio de
distância da referida gaveta, sendo que não percebi “truque” algum. Depois de
feita a experiência, o operador demonstrou-me que a realizara com um fio de
cabelo de mulher. – Alcyr de L. Porchat.)
A
fraude também é comentada por Philippe Piet van Putten.
Como
notamos, levitar com os pés sobre uma escada não era o único feito do médium.
Para fazer levitar um lápis, por exemplo, ele dizia que o lápis “molhado” não
servia. Precisava “secar” o lápis, que é quando se supõe que prendia um fio de
cabelo para poder “levitá-lo”. O engraçado é que algumas pessoas sentiam o fio
de cabelo, mas achavam que era um fio de ectoplasma! Tenha tais exemplos em
conta ao observar a fantabulosa materialização de Giuseppe Parini, um espírito
com peruca e pintado de preto sem nenhuma semelhança com o poeta vivo.
A famosa fotografia da levitação é uma
trucagem fotográfica grosseira, em que a escada em que estava o “médium” foi
apagada:
mirabelli2 fortianismo ceticismo
Note sinais óbvios de adulteração —
além do detalhe de que um sujeito levitando manteria os pés perfeitamente
alinhados
Correio da Manhã – RJ 24/04/1940
Prisão do médium Mirabelli, diretor do
Instituto Psychico Brasileiro, pela
Delegacia de Costumes de São Paulo, por estelionato, exploração da crendice
popular e calúnias.
Livros
(Inteiros sobre Mirabelli, que estamos reeditando)
O Médium Mirabelli Mistifica ? - Miguel
Karl - Papelaria Brasileira (São Paulo, SP) - 68 páginas - 1929;
O Médium Mirabelli - O que há de
verdadeiro nos seus "milagres" e a sua discutida mediunidade posta em
prova - O Resultado de um Inquérito. Editado por Rodolpho Mikulasch -
Estabelecimento Graphico Radium (Santos, SP) - 76 páginas - ilustrado - 1926;
Prodígios da Biopsíquica obtidos com o
Médium Mirabelli - Experiências com o famoso metérgico e documentado estudo de
psiquismo fenomenal - Eurico de Góes - Typographia Cupolo (São Paulo, SP) - 472
páginas - ilustrado - 1937;
Honra ao Mérito - Miguel Karl e Dr.
Olavo Leite (São Paulo, SP) - 76 páginas - ilustrado - 1937;
Martírio e Glória do Professor Carmine
Mirabelli. Tipografia Cultura (São Paulo, SP) - 84 páginas - ilustrado - 1944;
Martírios e Acrisolamento do Médium
Mirabelli - Fatos que se prenderam à Casa de Caridade São Luiz - Miguel Karl -
Heros Graphica Editora (São Paulo, SP) - 61 páginas - 1930;
Mensagens do Além, obtidas e
controladas pela Academia de Estudos Psíquicos César Lombroso, através do
celebre Médium Mirabelli (Heros Graphica Editora, 1929);
Cultura Espiritual sem Fanatismo
(Sociedade Impressora Paulista, 1932)
Livros que dedicam algum capítulo sobre Mirabelli
Enciclopédia de Parapsicologia,
Metapsíquica e Espiritismo - João Teixeira de Paula - Cultural Brasil Editora
(São Paulo, SP) - 3 volumes - ilustrada - 3ª Edição - 1973;
O Espiritismo Científico e as
Extraordinárias Mediunidades do Sr. Carlos Mirabelli - Dr. Carlos Pereira de
Castro - Sociedade Impressora Paulista (São Paulo, SP) - 72 páginas - 1930;
Mistérios e Realidades deste e do Outro
Mundo - A. da Silva Mello. Livraria José Olympio Editora (São Paulo, SP) - 649
páginas. Capítulo 18 (páginas 483 - 491) dedicado a Carmine Mirabelli. Segunda
edição, aumentada, de 1950;
O Espiritismo à Luz dos Fatos - Carlos
Imbassahy - Federação Espírita Brasileira (Rio de Janeiro, RJ) - 404 páginas -
Contém o capítulo "Carlo Mirabelli" (páginas 243 - 247) - 1935;
Science
and Parascience: A History of the Paranormal, 1914-1939 - Brian Inglis - Hodder
and Stoughton (London, England) - 1984;
São Paulo Nesse Tempo (1915 - 1935) -
Jorge Americano - Edições Melhoramentos (São Paulo, SP) - 423 páginas.
"Mirabelli" na página 158 (Edição de 1962 ?);
The Flying Cow - Guy Lyon Playfair -
Souvenir Press (London, England) - (páginas 78-110) - 1975;
Artigos em revistas e jornais como Folha de SP, O Estado e SP, O Correio Paulistano, JSPR
(Jornal da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres), JASPR e outros como:
The
Mediumship of Carlos Mirabelli - Theodore Besterman - Journal of the Society
for Psychical Research (London, England) - páginas 141-153 - Dezembro de 1935;
The Amazing medium Mirabelli - Gordon
Stein - Fate Magazine (USA) - páginas 86-95 - Março de 1991;
O Fenômeno Mirabelli - Jorge Rizzini - Planeta
- Editora Três (São Paulo, SP) - Número 31 - páginas 86-93 - ilustrado - Março
de 1975;
Le
médium Carlos Mirabelli - Journal d'Études Psychologiques - La Revue Spirite (Paris,
França) - páginas 463 e 464 - Outubro de 1928;
Le médium
Mirabelli, ou... Un voyage dans le fantastique - Revue Métapsychique (Paris,
France) - n. 2 - páginas 149-153 - Março-Abril - 1927;
Mirabelli
and the Phantom Ladder - Guy Lyon Playfair - Journal of the Society for
Psychical Research (London, England) - Volume 58 - Number 826 - páginas 201-203
- ilustrado - Janeiro de 1992;
Fronteiras do Desconhecido: Carmine
Mirabelli - Elsie Dubugras - Planeta - Editora Três (São Paulo, SP) - Número
130 - páginas 52-57 - ilustrado - Julho de 1983;
A mediunidade de Mirabelli atestada por
Hans Driesch - Revista de Espiritismo (Lisboa, Portugal) - Número 5 - páginas
189 e 190 - ilustrado - Setembro-Outubro de 1928;
An
Amazing Case: The Mediumship of Carlos Mirabelli - Eric J. Dingwall - Journal
of the American Society for Psychical Research (USA) - Vol. 24 - página 296 -
1930;
[1]
Mirabelli: A vida e os
feitos - Série Grandes Médiuns - Editora Três Ltda. (São Paulo, SP) - 34
páginas - ilustrado – 1975.
[2]
PORTELA, Fernando. Além do Normal. Um repórter investiga os mistérios do
paranormal. Traço Editora. São Paulo. 1984.
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