sábado, 3 de julho de 2021

Fraternidade Espírita Irmão Kamura (São Paulo)

 Rua Dr. Marrey Júnior, 84 Parada Inglesa, São Paulo - SP. Fundada em 11/10/1963.

Realizou cerca de 240 reuniões entre os anos de 1963 a 1989.

Fundada pelo médium Benedito Cosme possivelmente em 1968 na rua Dr. Marrey Júnior, 84 – Parada Inglesa.

Reuniões em que eu participei: 29/12/1987, 09/04/1988 e 24/09/1988. Em 1987 eu participei das reuniões de desobsessão coordenadas pelo dentista Ronaldo que tinha uma técnica própria que parecia eficiente, embora eu não a tenha considerado correta, pois não deixava o espírito falar, não atuava procurando o ponto crítico e não trabalhava para criar brechas emocionais para a espiritualidade trabalhar.

Entidades: Dr. Kamura, Padre Zabeu, Irmã Josefa, Atanásio, irubi, Sebastião.

Relato da reunião de materialização do dia 29/12/1987 realizada na Fraternidade Espírita Irmão Kamura.

Depois de muita luta para conseguir um convite, finalmente me tranquilizei. Estava marcada a reunião de materialização na Fraternidade Espírita \irmão Kamura, no bairro da Parada Inglesa, no dia 29 de dezembro de 1987.

Meu convite estava assegurado graças à ação compreensiva de dona Diva, embora não tenha conseguido outro convite para Ângela minha esposa. Já havia assistido outras reuniões na década de 1970 no Centro Espírita Padre Zabeu da Vila Guilherme e nesse mesmo ano no Templo do Cristianismo Espírita em Interlagos.

Fiz uma contribuição de CZ$ 500,00 que a Fraternidade recolhe junto com taxas relativas às consultas, que são usadas no pagamento das despesas da instituição.

Estava contente aguardando com entusiasmo o dia estipulado. Na véspera não tomei café da manhã, almocei só frutas e a noite jantei um pouco de feijão com pão. Não bebi nada com álcool e não comi carne (incluindo frutos do mar), pois sou vegetariano desde 1982. Essa recomendação era apenas para o dia da reunião que preferi passar em jejum. Apenas água. Eu já tinha experiência nisso, pois cheguei a jejuar por três dias com acompanhamento médico e me senti muito bem, principalmente a lucidez mental.

Penso que as recomendações poderiam incluir deixar de se alimentar algumas poucas horas antes da reunião para livrar os espíritos de aturarem nosso processo digestivo com seus odores desagradáveis, conforme relatado por André Luiz. Conhecedor do assunto, como bom espirita quis fazer mais para ajudar a equipe espiritual e também orei e me concentrei para a sessão transcorrer o melhor possível.

A Fraternidade Espírita Irmão Kamura foi fundada há 20 anos e mantém, além da reunião de efeitos físicos, a reunião pública, desobsessão e assistência social.

Cheguei às 18h30minh, conforme orientação recebida, mas a pequena e estreita porta só abriu às 19h. Lembrei-me de Jesus que pediu: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois vos asseguro que muitos procurarão transpô-la e não o poderão”. Logo à entrada as pessoas escreviam seus nomes em folhas de papel avulsas, seguindo uma numeração sequencial. Recebi o número trinta.

Aguardamos em uma antessala simples onde se notava quadros dos mentores e amigos espirituais da casa: Dr, Kamura, Padre Zabeu, Irmã Josefa, Atanásio entre outros. Particularmente notei dois quadros com fotos acusando a visita que Chico Xavier fez à Fraternidade em 1978, além de uma gravura de Emmanuel com dedicatória do grande médium brasileiro.

Dos participantes, a maioria da classe média, algumas moças, muitas senhoras, algumas de idade avançada, alguns moços e também muitos senhores. Todos transmitindo muito simpatia. Houve muitas apresentações, sorrisos, abraços e beijos.

Comprei uma rifa de uma Caloi Cycle, recebi outro número para sorteio de um cortador de frios referente ao convite adquirido para a reunião. Foi chamada a atenção de todos. Dona Benê pediu para apressar a realização do sorteio, pois havia um compromisso de horário com a espiritualidade que mobiliza dezenas de espíritos para a proteção do local. Algumas mãos retiraram dois canhotos cujos números não coincidiram com os meus. Caso ganhasse provavelmente teria doado novamente para a casa.

O presidente e médium dessa instituição cumprimentava e conversava com as pessoas mais conhecidas. Sereno, com movimentos lentos e muita cordialidade. Trajava bonito terno e colete brancos.

Pequenos grupos se reuniam para conversas corriqueiras enquanto aguardavam os passes que precedem a sessão. Pensei que haveria uma pequena palestra para preparar as pessoas, desligando suas mentes das preocupações e interesses cotidianos. É curioso, mas, nos outros dois locais que presenciei esses fenômenos, até hoje conhecido apenas superficialmente, os convidados também aguardavam em total despreocupação com os assuntos falados e pensados. No Templo do Cristianismo Espírita era ainda pior com os convidados fumando descompromissadamente enquanto esperavam a hora de entrar.

Percebia-se grande movimento de águas a serem fluidificadas. Algumas pessoas levavam flores para serem energizadas ou aproveitas para a produção de algum fenômeno, suponho.

Dona Benê, Benedita Janel, coordenadora dos trabalhos de materialização e assistência social, retomou a palavra explicando sobre o ectoplasma, substância nervosa que principalmente o médium emana, bem como os assistentes, para manipulação dos espíritos que formam os corpos materializados e depois é reabsorvida pelo médium com alguma perda para evitar contaminação. Salientou o perigo que corre o médium com relação à incidência de luz durante o transe mediúnico, podendo vir a se ferir seriamente, ficar cego ou mesmo desencarnar. A espiritualidade, por meio de uma equipe de índios, continuou dona Benê, protege o local do assédio de entidades inferiores ou desiquilibradas. Recordei de André Luiz em Missionários da Luz, Capítulo 10, quando cita a ionização do ambiente para extermínio de micro-organismos astrais prejudiciais.

Nessa altura eu já havia criado coragem para pedir ou verificar a possibilidade de ocupar um lugar com melhor visibilidade, porquanto me achava perfeitamente preparado, física e mentalmente. Todavia, contrariando meu intuito exclusivista, a coordenadora rogos aos ouvintes para não alimentarem animosidade acerca dos lugares a serem ocupados. Ela mesma, por indicação dos mentores, escolheria o assento de cada um. Nessa difícil tarefa, esclareceu a senhora, não há privilégios e sem exigências de ordem espiritual, tais como isolar os visitantes com médiuns preparados para trabalhos desse jaez e, portanto, acostumados a manterem os pensamentos elevados para a necessária harmonia psíquica.

Por fim, evidenciou a senhora que as manifestações dependem sobremaneira da capacidade da plateia manter uma atmosfera mental superior e principalmente, de todos terem obedecido rigorosamente às instruções de abstenção total de álcool e carne (cigarro não?). Solicitou às pessoas que eventualmente não puderam seguir à risca esses preceitos, para se retirarem e comparecerem à próxima reunião (antes eram mensais e atualmente ocorrem duas por ano), pois do contrário, todos seriam prejudicados com o possível cancelamento da sessão pelos espíritos, ou com uma efêmera e precária manifestação em razão das vibrações inadequadas. Ninguém se pronunciou. Acho que todos respeitaram as regras.

Foi improvisada uma fila para receber passes, tomar um copinho de água fluidificada, o que não demorou, pois atendiam cerca de seis médiuns de passes.

Recebi um bom passe na pequena sala onde em uma das paredes brancas estava pintada uma cena de Jesus curando uma criança no colo de sua mãe. A saída da sala de passes tomamos a água fluidificada e entramos na sala conjugada, reservada para a sessão da noite. A porta de entrada situa-se no meio da parede lateral, estando à direita a dela do médium que ocupa toda a extensão da parede frontal da sala, medindo mais ou menos 8 X 1,5m, enquanto o restante da sala, onde permanecem os participantes, mede cerca de 8 X 8m, com aproximadamente 64m2.

Ao todo éramos 73 pessoas. 22 colaboradores da casa trajavam avental branco e formavam a corrente de isolamento, sentando-se na primeira fila e nas cadeiras que margeiam o corredor em frente à grade preta de ferro que serve de porta da cela.

Dona Benê perguntava a cada um se era a primeira vez que participava desse tipo de reunião, a resposta sendo positiva o visitante era convidado a sentar mais atrás. Eu queria ficar na frente! Pedi mentalmente para a espiritualidade me conceder um bom lugar, mas logo me veio o pensamento que não deveria pedir nada, pois estava desconsiderando os anseios semelhantes, as necessidades e merecimentos dos outros integrantes. Resignei-me e na minha vez dei as informações solicitadas e me sentei no meio da sala encostado à parede da porta de entrada, debaixo de um quadro com bonito cartão de natal enviado pelo Chico Xavier, vendo-se coladas ao papel delicadas flores secas em tom pastel.

Estávamos todos muito apertados, usando apenas o espaço da cadeira. Mulheres de um lado e homens de outro. Sentei junto com um senhor que como eu não sabia onde colocar os ombros mais largos que as cadeiras, entretanto, notava-se em todos um ar de satisfação por estar presente a uma reunião tão insólita quanto essa. Havia mais mulheres que homens e pouco mais da metade eram membros da própria casa.

Dona Guiomar Buischi Biagi, uma simpática senhora de cabelos pretos que é vice-presidente da Fraternidade fez uma breve preleção e convidou os visitantes a examinarem a cela do médium que, nesse momento, estava deitado numa poltrona branca inclinada e sendo algemado um braço no outro. Via-se dentro da cela uma vitrola, alguns discos, um violão, um pandeiro e um megafone fosforescente, que é um cone de papelão que serve para ampliar a voz, além de uma bengala que é usada pelo Dr. Kamura quando incorporado no médium para os trabalhos de cura. Não fui à cela, vi tudo do meu lugar por que a porta da grade e as paredes da cela são vasadas. Na verdade, tive vontade de olhar de perto, mas estávamos tão apertados e o colega do lado foi tão enfático dizendo: - Eu não preciso de nenhuma comprovação! Acho que me intimidei.

Acomodado o médium eram 21h05minh. A vitrola tocava os clássicos da série Música a Luz da Oração. Fecharam-se portas e cadeados cedendo as chaves para alguns convidados. Fecharam-se as espessas cortinas brancas rentes a parede da cela. Foi lida bonita mensagem tirada de um livro que parece ser do espírito Atanásio.

Apagaram-se as luzes e a sala com todas as possíveis entradas de luz previamente tapadas, ficou completamente escura. É raro termos a oportunidade de ficarmos realmente na escuridão total. Em um grande esforço para algo enxergar, tive a impressão de distinguir tênues silhuetas das pessoas. Seriam auras?

Fez-se silêncio, a música tocava e realmente ajudava a concentração. Dona Benê coordenava a reunião pedindo a todo instante que cada membro da casa fizesse uma oração e a todos pediu para mentalizar crianças, flores ou Jesus.

De súbito, ouviu-se o som de uma flauta e fortes batidas no peito. Era o índio Irubi, avisou dona Benê, que abre e encerra os trabalhos. Em seguida ecoou uma voz que mediava entre o assovio e o sussurro. Era o Atanásio: - Graças a Deus! A ala feminina se pronunciou risonha e satisfeita. Atanásio é o espírito de um jovem que desencarnou com 22 anos, resultado de um forte golpe recebido de uma bola, durante uma “pelada” de praia em Niterói. É um espírito muito alegre que procura utilizar o humor sadio e as canções populares para manter determinado padrão de pensamentos e assim auxiliar os trabalhos de efeitos físicos, pois dificilmente conseguimos manter os pensamentos sem se fixar nos problemas e assuntos que geram desarmonia por mais de dez ou quinze minutos.

Todo o esforço de isolamento do local foi efetuado por grande número de bondosos, mas austeros espíritos, no intuito de proteger o médium e o ambiente psíquico do assédio de entidades inferiores ou desiquilibradas, pode se tornar insuficiente caso os participantes gerem pensamentos desagradáveis favorecendo as ligações magnéticas que abrem acesso a essas entidades.

A presença de Atanásio se fez percebida várias vezes, embora em nenhum momento tenha acendido a pequena luz vermelha de 25 velas que possibilitaria a visão de seu corpo. Brincou assim: - Zezé, casar comigo você não quer, né? - Rosinha, você é engraçadinha! Fez cócegas nos homens da primeira fila, transportou o pandeiro para fora da cela e com ele fez acrobacias simulando um ventilador e movimentando o ar mais aceleradamente, aliviando o calor de algumas pessoas. A temperatura estava muito elevada, sensação de abafamento, de falta de ar, pois não havia renovação, mas a despeito de tudo isso, estávamos bem, aguardando os acontecimentos sem pensar nesse particular.

Atanásio pediu que orássemos buscando a elevação de pensamentos para que pudéssemos receber a presença física de uma entidade de muita luz, que não falaria, porquanto a elevação dos espíritos é inversamente proporcional à facilidade de se expressar com o uso do ectoplasma e principalmente, de fazer uso dos mecanismos da voz direta.

Repentinamente a luz vermelha ascendeu acionada pelo dial controlado pelo próprio espírito. Todos ficaram deslumbrados com a figura imponente de uma mulher alta ajoelhada, cuja indumentária lembrava as vestes no tempo de Jesus. Tinha um lenço ou echarpe vermelho sobre a cabeça, vendo-se parte dos seus cabelos. Os participantes, particularmente a parte feminina ficaram empolgadas. Atanásio que se manifestava simultaneamente falando pela bela aparição, pediu para orarmos, pedindo a Deus a graça de presenciarmos a magnificência da luz espiritual. Vimos então emanar das palmas de suas mãos, linda nítida e intrigante luz, a princípio vermelha e depois branca, forte na origem, mas com pouca penetração no ambiente. Não sei se era apenas a luz das mãos que iluminava todo o seu corpo, ou se tênue luminosidade procedia do seu próprio corpo.

Sabia que estava presenciando algo muito raro dentro da extrema escassez com que ocorre esse tipo de reunião. A luminosidade de alguns espíritos materializados e a luz que por vezes é projetada a partir de alguma parte do seu corpo, não deve ser a luz espiritual que caracteriza espíritos de ordem superior, pois essa é projetada no plano espiritual. Deve concorrer para a realização desse fenômeno a qualidade do ectoplasma e dos fluidos que o compõe, do ambiente e a atuação de espíritos altamente especializados.

As moças e senhoras estavam em êxtase, os homens presumo estáticos. Ouvia-se: - Que lindo! – Que delicadeza! – Graças a Deus! O espírito materializado continuou a fazer movimentos suaves, irradiando sua luz elevando as mãos até o teto, numa clara demonstração de levitação. Pouco depois Atanásio pediu que observássemos com atenção a porta da cela, pois a entidade se mostraria atravessando a grade de ferro. Não tive boa visão desse momento, talvez por que tenha sido muito rápido e a grade sendo preta não houve contraste com o meio totalmente escuro.

Decorridos poucos instantes, entre as orações dos presentes, ouvimos uma voz que dona Benê indicou ser do Padre Zabeu, mentor desses trabalhos que teria sido o Papa Leão XIII falecido em 1903. Com voz afetuosa e amiga o Padre agradeceu o esforço e dedicação de todos os trabalhadores da Fraternidade Espírita Irmão Kamura, pelo natal que conseguiram proporcionar em 1987 a mais de três mil famílias. Disse ele: - Como é bom ajudar a tanta gente. Quanto nos faz bem recebermos um sorriso de uma carinha suja.

Alguns dos presentes pediram para ajudar ou dar informações de parentes recém-desencarnados e o padre, muito solícito, deu informes e prometeu toda ajuda possível. O diálogo dos espíritos com os participantes era marcado de respeitosa e alegre intimidade, o que deixava todos confortáveis. Repetia sempre: - Estamos com Jesus! Estamos com Jesus!

Padre Zabeu se serve do megafone para aumentar seu tom de voz e se fazer audível por todos, já o Atanásio fala baixinho sendo preciso que dona Benê repetisse muitas de suas falas. Tudo acontecia do começo ao fim com inúmeras orações formuladas pelos participantes e ainda reiterados pedidos para mentalização e elevação dos pensamentos.

Padre Zabeu também projetou luz branca, vermelha e azul clara. Segurando o megafone pelo lado mais estreito, colocou uma das mãos dentro e aproximou ao seu corpo iluminando suas roupas e fazendo surgir à sombra de suas pernas. Essa luz era branca e tinha resquícios esverdeados. Depois, segurando o megafone pelo lado maior projetou a luz da outra mão que estava dentro e ao atravessar o bocal projetava-se como um facho que o espírito aproveitava para iluminar alguns quadros das paredes laterais. Entrementes, pelo tempo que estimei em 1/5 de segundo, irradiou luz branca na maior intensidade da noite.

Lembro-me de André Luiz em Missionários da Luz, que no futuro, quando pudermos contar com valores morais naturalmente comandando nossos atos e pensamentos, sem a necessidade de preparação e concentração, essas manifestações se tornarão corriqueiras.

Outra vez ocorreu a materialização simultânea de dois espíritos, agora ambos visíveis, com a chegada do Dr. Kamura, a respeitada entidade que dirige espiritualmente os trabalhos de cura por meio do médium Benedito Cosme. Foi um instante lindo, as duas entidades iluminadas avançaram para o corredor central. Padre Zabeu com as mãos iluminadas e o Dr. Kamura iluminando a bengala que ele trouxe da cela.

Padre Zabeu se dirigiu a dona Guiomar em tom de brincadeira, avisando que havia luz sendo propagada da vitrola para dentro da cabine, lembrando o perigo que o médium corre nesses casos. Ao que entendi, o foco de luz foi lacrado com esparadrapo que sofreu a ação do calor e deve ter se desprendido. Houve muita preocupação. Dona Guiomar perguntou se a reunião não deveria ser encerrada, mas os espíritos devem ter tomado alguma providência e felizmente o espetáculo para nossos olhos e corações pode continuar. Ficou, porém o aviso de que todo cuidado é pouco, melhor exagerar as precauções do que omitir algum detalhe que possa vir a ser importante.

De novo veio o Atanásio no seu trabalho de sustentação fluídica do local. Apresentou um belo fenômeno de transporte, trazendo o violão para fora da cela, fato que normalmente não seria possível, pois o instrumento não passa pela grade da cela. O espírito não tocava o violão, apenas dedilhava as cordas aleatoriamente e dava algumas batidas na madeira. Fez brincadeiras, acompanhava músicas de um disco do Ray Coniff com seus assobios, fazendo-o surpreendentemente bem. Pediu para cantarmos algumas músicas, como: Beijinho Doce, Cachoeiro e Feliz Ano Novo. Todas muito bem cantadas principalmente pela presença feminina que deixava patente a ternura colocada na voz.

Em seguida recebemos a presença física de um homem de grande porte, aparentemente árabe pelas suas roupas. Brindou-nos também com sua luz. Simultaneamente o Atanásio se pronunciava, já que esse espírito não utilizou a voz.

Tivemos ainda a visita materializada da Irmã Josefa, muito querida, sotaque lembrando o alemão, conhecida de todos. Irradiou igualmente bela luz e jogou em determinado instante, o rosário que ela trouxe da cela para um dos participantes. O ambiente estava demasiadamente quente e o oxigênio parecia não saciar nossos pulmões. Tateei o chão ao meu redor e constatei muita umidade.

A reunião prosseguia e eu lutava com meus pensamentos, pois uma parte de mim queria que o evento findasse e outra parte questionava que deveria reconhecer o esforço de encarnados e desencarnados para isso acontecer. Mas o ar estava pesado, o calor exagerado. Os espíritos comentaram que o médium estava transpirando muito e igualmente sofrendo com o calor. Oramos por ele.

Volta o Atanásio, novas brincadeiras, algumas canções, mas poucos sabem as letras. Fazem-se mais orações. Há um breve silêncio e ouve-se uma flauta tocar... É o fim dos trabalhos. Eram 22h45min.

No dia imediato telefonei para várias senhoras que trabalhavam na Fraternidade pedindo informações. Não me conheciam, mas foram muito atenciosas. Dona Benê e Guiomar contaram casos interessantes envolvendo inclusive o médium Chico Xavier. Soube também do trabalho de cura que fazem em Ribeirão Preto e em Miami.

Relato da reunião de materialização do dia 09/04/1988 realizada na Fraternidade Espírita Irmão Kamura.

A aquisição dos convites dava direito ao sorteio de um prêmio e eram trocados pela colaboração de mil cruzados por parte dos interessados. Ouvi alguns comentários de pessoas inconformadas com o fato da casa cobrar pela participação em uma reunião de cunho eminentemente espiritual. Houve até quem lembrasse: "Dai de graça o que de graça recebeste". Outros acharam o valor muito elevado, preocupados com o impedimento natural às pessoas menos favorecidas financeiramente, mas igualmente merecedoras desta oportunidade. Enfim, o caso é delicado e demonstra, pelo menos, a precariedade com que vivem as instituições espíritas e a dificuldade de contar com a entrada regular de recursos em espécie, necessários à manutenção de qualquer organização.

Quando ofereci os convites extras que dispunha, fiquei surpreso ao verificar certa apatia, medo e resistência que espíritas e não espíritas tem com este assunto. A julgar por mim, um fenômeno tão raro quanto este, que possibilita o estudo da sobrevivência do ser depois da morte e a comunicabilidade com os espíritos, é uma oportunidade que não podemos desperdiçar. Entretanto, as pessoas são diferentes, são pequenos universos individualizados a expressarem-se segundo suas vivências, criando o seu próprio caminho para a ascensão compulsória. Todos avançamos. É uma questão de tempo. Mas, certamente, haverá mil maneiras para encurtar o caminho. O Espiritismo explica muitos deles.

Cheguei ao local às 19h15m. Assinei o livro, ganhei um número para o sorteio e aguardamos na sala de espera, desta vez melhor organizada, com os convidados sentados na primeira sala, ouvindo uma preleção de Dona Benê sobre o assunto, com as recomendações de praxe. A temperatura externa era baixa, o que prenunciava uma reunião mais agradável neste ponto de vista.

Um senhor pergunta se não é o próprio espírito do médium que se materializa através do desdobramento. Apesar da resposta negativa de Dona Benê, o cavalheiro insistia, dizendo que estuda o assunto há muitos anos. Com o intuito de acabar com a polêmica, pedi a palavra e esclareci que já ocorreram algumas vezes com esse médium, a densificação de dois espíritos simultaneamente, o que parece demonstrar que o processo é mesmo mediúnico e não anímico. O momento não comportava outros comentários, por isso não mencionei os relatos de Aksakof que aborda a materialização do próprio espírito do médium.

Nos mais de cento e vinte livros que disponho sobre o tema, constatei inúmeras insinuações análogas, em razão do espírito materializado, muitas vezes apresentar-se semelhante ao médium, inclusive o timbre de voz. Uma explicação seria que o ectoplasma sendo derivado, em sua maior parte, do fluido vital do médium, é, portanto, altamente influenciável pela ação de sua mente, particularmente do inconsciente onde estão armazenadas nossas conquistas automatizadas. Assim sendo, torna-se difícil para os espíritos sobrepujarem este influxo mental e, por isso, quando a situação não é plenamente favorável, eles aproveitam a aglutinação natural das moléculas do "fluido nervoso", para formarem parcial ou integralmente o corpo sobre o perispírito do espírito comunicante.

Logo após, li um resumo biográfico do Papa Leão XIII, considerado nesse Centro, como encarnação anterior do Padre Zabeu - um dos mentores da casa. Pelos estudos realizados, constatei que esta é a entidade mais presente nos relatos de materialização no Brasil, a partir da década de 1940.

Houve o sorteio, não prestei atenção no prêmio ofertado, mas certifiquei-me que não havia sido contemplado. O serviço de passe começou. Em fila, cumprimos o itinerário rumo a sala principal, via a sala de passes e a sala intermediária onde é distribuída a água fluidificada. Logo à entrada estava Dona Benê, designando o local a ser ocupado pelos participantes, inclusive os médiuns da casa. Sentei em bom local, no corredor da entrada ao lado da porta.

Colocaram algemas, correias, correntes e cadeados. Prenderam a cadeira do médium no solo, tiraram-lhe sua roupa, jogaram talco ao chão, criaram uma cela especial e eletrificaram a grade.

Lá estava o médium Benedito Cosme, aparentando segurança e serenidade. Ele é irmão de Lúcio Cosme que cedeu suas faculdades ao Centro Espírita Padre Zabeu desde 1940 até o início da década de 1980. É ainda primo do falecido João Cosme - médium que apresentou mediunidade ostensiva de efeitos físicos.

Guiomar fez uma pequena palestra e convidou os presentes a conhecerem a cabine, observando os mecanismos de aprisionamento do médium, tais como: corrente, algemas, porta de ferro e lacres. Foi lida uma prece, apagaram-se as luzes e a iniciou-se o comando das orações, convidando ininterruptamente as pessoas a orarem (como em uma igreja), visando manter o nível psíquico do ambiente mais elevado e menos dispersivo. Achei difícil se concentrar nessas orações, muitas vezes inaudíveis e interrompidas pelos próprios espíritos.

Os meios utilizados para o confinamento dos médiuns, originou-se da desconfiança que tinham os cientistas, quando examinaram exaustivamente o fenômeno, no final do século passado. Colocaram algemas, correias, correntes e cadeados. Prenderam a cadeira do médium no solo, tiraram-lhe sua roupa, jogaram talco ao chão, criaram uma cela especial e eletrificaram a grade. Fizeram tudo que uma mente excessivamente materialista pode julgar conveniente, para satisfazer sua vontade, como se a Ciência não pudesse se expressar com respeito e amor ao próximo.

Ouvimos batidas no peito. Informaram que era o índio Irubi que abre e encerra os trabalhos.

Surge a Irmã Josefa com um grande crucifixo (não espiritual), preso em uma faixa larga e fosforescente. Escutam-se alguns comentários na ala feminina: oh! que maravilha! Parece que o crucifixo não estava na cabine, o que obrigou o espírito a transportá-lo de outro cômodo. A irmã espiritual estava muito bem humorada, brincando com todos. Guiomar pediu para ela "enrolar alguns discos" e "fazer perfume", respondendo o espírito: - Só isso? ao que todos riram. - Porque você não morre e vem aqui fazer tudo isso? Guiomar respondeu que quando morrer vai dar muito trabalho, pois vai querer fazer muitas coisas.

Andou pelo corredor central irradiando luz pelas mãos, os braços abertos, o rosto coberto com um tecido branco transparente, como a gaze, podendo-se notar parcialmente o seu semblante.

O rosário pendurado no pescoço da freira materializada era mais fosforescente que as demais peças como a corneta e o pandeiro. A entidade retirou o rosário e com ele enlaçou, num gesto de carinho, a Dona Benê e o Sr. Ambrósio, que estavam sentados na primeira fila margeando o corredor.

Irmã Josefa disse que já "enrolou muitos discos", mas que as pessoas presenteadas acabaram perdendo. Dona Guiomar informou que cedeu o seu disco para o Divaldo Pereira Franco. Neste instante, a entidade materializada pediu para a Guiomar segurar um buquê de rosas, enquanto o espírito, com as mãos iluminadas embaixo das flores, captava as gotas que surgiam certamente transportadas de outro local. Em seguida, passou a espargir este perfume a todos os componentes da sessão, mesmo aqueles sentados na última fila. Perfume agradável, simples, não lembrando ser originário de rosas, como a entidade fez supor. Desapareceu rápido sem deixar vestígios.

Após esta chuva aromática a irmã Josefa abriu as cortinas e acendeu a luz vermelha do teto para que todos pudessem vê-la atravessando a grade de ferro da cabine. A irmã brincou muito, intercalando, periodicamente, a expressão: - estamos com Jesus! Andou pelo corredor central irradiando luz pelas mãos, os braços abertos, o rosto coberto com um tecido branco transparente, como a gaze, podendo-se notar parcialmente o seu semblante. As mangas largas passavam sobre as cabeças das pessoas sentadas no corredor. Sua voz tinha sotaque alemão e assemelhava-se a voz do Padre Zabeu.

Cantaram um hino à irmã Josefa e depois, ela pediu para todos cantarem Parabéns a Você em homenagem ao aniversário do Sr. Benedito. Ato contínuo distribuiu algumas rosas, jogando-as no escuro, sobre o colo de três senhoras, informando antes, que quem as recebesse já havia convivido com ela em outra encarnação. As senhoras agradeceram emocionadas.

Parece que todos ficaram contentes pela demonstração que as leis da física carecem de maior exame.

Surge agora o espírito Atanásio, com sua voz característica, brincou com o pandeiro, fazendo-o girar como um ventilador e dedilhando aleatoriamente as cordas do violão, fez cócegas nos homens da primeira fila e pediu para todos cantarem Índia, que ele acompanhou assobiando muito bem.

As peripécias que ele fazia com o pandeiro fosforescente eu não podia ver em razão da intensidade de luz projetada pelo rosário, agora colocado no pescoço do Sr. Ambrósio. Meu pensamento então se fixou nesta dificuldade, deixando-me indeciso quanto ao que fazer. Pensei em pedir para este senhor retirar a peça. Pensei também em não me concentrar neste assunto, pois poderia estar atrapalhando o meio ambiente psíquico, com a emissão de matéria mental inadequada, entretanto, meu esforço foi em vão (imaginem a força de uma obsessão!) e considerei melhor falar com o Sr. Ambrósio. Dois ou três segundos depois já estava eu apreciando os malabarismos do Atanásio com o pandeiro, graças a gentileza deste cavalheiro.

Atanásio foi abraçar o médium aniversariante e em seguida ouvimos a voz do Padre Zabeu. Cumprimentou diversas pessoas da casa, inclusive eu, que surpreendido respondi ao cumprimento satisfeito. Padre Zabeu então agradeceu as palavras que eu havia dito sobre a biografia.

A entidade conversou bastante, projetou luz branca das palmas de suas mãos nas paredes, nos quadros e no teto. Irradiou ainda luz azul e vermelha. Pediu uma prece para ele mudar sua forma de apresentação. Ficamos alguns segundos na escuridão até que ele acendeu a luz vermelha do teto, deixando-nos perceber que havia mudado suas roupas, apareceu uma parte de tecido vermelho nas costas, não pude perceber outros detalhes.

O dirigente espiritual das sessões de materialização passeou no corredor central também com os braços estendidos, a cerca de trinta centímetros dos meus olhos. Ao ver passar suas mãos tão próximas, pensei em verificar se a luz era irradiada por algum aparelho trazido de seu plano ou não. A mão esquerda do Padre Zabeu passou muito perto de minha visão, emitindo luz, mas segurando alguma coisa... De súbito, porém, como se ele tivesse captado meu pensamento, retornou a mão sob meu olhar e então percebi que ele segurava o interruptor da luz vermelha em frente à cabina! Como é fácil e perigoso tirarmos conclusões precipitadas.

Retornando ao palco próximo a cortina, avisou o espírito amigo que iria trazer um objeto de outra sala. Dona Benê pediu uma oração. A entidade apagou a lâmpada vermelha e se dirigiu para a porta lateral onde eu estava apresentando certa luminosidade. Não andava, deslizava, senti suas vestes passando em minhas pernas. Chegando a porta sanfonada, percebemos a entidade sacudi-la propositadamente. Três ou quatro segundos depois, retornava o espírito materializado, com suas mãos iluminando seu corpo, a medida que atravessava a porta. Disse que havia trazido o objeto mais simples e que naturalmente não deveria estar na sala principal. Era a pá de lixo! A platéia bateu palmas. Parece que todos ficaram contentes pela demonstração que as leis da física carecem de maior exame. Ouvi comentários: que beleza! que humildade! As músicas se sucediam na vitrola, o Padre Zabeu entrou na cabine e logo ouvimos o som da flauta indicando que a sessão havia terminado.

Na saída, conversei rapidamente com o Sr. Silvio Angelini, médium de efeitos físicos aparentando cerca de oitenta anos. Estava muito feliz de poder assistir uma sessão em vez de participar como médium. Disse ter gostado muito. Estranhou a intimidade que os assistentes têm com os espíritos, estranhou também as palmas e achou excessivas as orações. Contou que no seu tempo, quando trabalhava com o médium Sr. Antônio Feitosa, havia quase sempre a voz direta dos espíritos se movimentando em cima das cabeças dos participantes e a vitrola freqüentemente levitava.

Eu que tenho visitado diversos grupos de efeitos físicos, percebo que atrás da diversidade de fenômenos que se manifestam espontaneamente, existe uma direção espiritual e uma plêiade de espíritos de todos os níveis formando uma corrente vertical para receber orientação dos níveis mais altos, até alcançar o nosso nível. William Crokes, Zolner, Bozzano, Aksakof e outros cientistas, testaram médiuns e buscaram aprofundar mais o assunto, mas só conseguiram dar algumas respostas das muitas perguntas que aguardam nossa evolução moral para serem respondidas.

Relato da reunião de materialização do dia 24/09/1988 realizada na Fraternidade Espírita Irmão Kamura.

Tornei a voltar à Fraternidade Espírita Irmão Kamura em 24 de setembro de 1988, dia em que também se comemorava o aniversário da Guiomar Buish Biagi, presidente da casa.

Realizou-se um chá beneficente que iniciou às 17h30min, com a colaboração de CZ$ 1.500,00 de cada um visando preparar o natal de famílias carentes. A ideia embora comum como forma de angariar fundos é incomum antecedendo uma reunião de efeitos físicos, quando as próprias entidades costumam instruir para evitar participar desses trabalhos em pleno processo digestivo.

Seguiram-se salgados e doces. Eu e meus convidados ficamos apenas no chá, deliciosa combinação de chá-mate com cravo e canela. Estávamos presentes eu, meu irmão Mário, sua segunda esposa Ana Maria, e o Coutinho da Coligação Espírita Progressista.

O Coutinho havia comido um pedaço de frango no almoço, pensando que a abstinência de carne se referia apenas a carnes vermelhas. O interessante foi o súbito e estranho sono que dele se apoderou pouco antes do início da reunião. Seria uma espécie de isolamento que os espíritos realizaram no intuito de proteger o médium?

Pouco antes de começarem os passes houve um homenagem à dona Guiomar, feita pelo Dr. Acyr representando todos os trabalhadores. A homenageada que trajava saia branca e blusa vermelha e branca estava presente com o marido, filho, nora e uma neta que exalava alegria. Agradeceu sensibilizada e lembrou que todos os trabalhadores também eram responsáveis pelos trabalhos desenvolvidos junto ao médium Benedito Cosme. Disse que estava feliz e que no dia anterior foi cumprimentada carinhosamente pelo Divaldo Pereira Franco, por ocasião de seu tratamento de saúde com o Dr. Kamura. Mencionou ainda que a festa maior aconteceria na outra sala.

Dona Benê pediu para não fixar o pensamento nos lugares a serem distribuídos. Pediu também para não termos medo, pois a essa vibração afeta os trabalhos. Solicitou não tocar nos espíritos materializados sem permissão. Esclareceu que os dirigentes encarnados nunca sabem nem a sequencia dos espíritos a se manifestarem, nem os fenômenos que serão produzidos. Informou que o chefe da falange dos índios é quem abre e encerra os trabalhos, seu nome é Irubi e o seu sinal é um som de flauta chamado toque de amigo.

As três paredes da sala abrigavam diversos quadros das entidades que dirigem e colaboram com a casa, além de oito pequenos vazos  com rosas, cravos ou samambaias.

Com dona Benê, dona Guiomar e o médium Benedito à frente, as senhoras pediram para mentalizarmos o plano espiritual superior que aproveitará o nosso estado de concentração para proporcionar a ajuda que necessitamos segundo nossos méritos.

Foi lida uma mensagem de André Luiz e em seguida todos cantanram a canção Alegria Cristã, considerada como o hino das mocidades espíritas, composta por Oly de Castro e Leopoldo Machado. Embora espírita, sua letra é essencialmente evangélica, retirando-se a palavra “Espiritismo” poderia ser cantada por católicos, evangélicos e protestantes:

            Somos companheiros, amigos irmãos
            Que vivem alegres pensando no bem
            A nossa alegria é de bons Cristãos
            Não ofende a Jesus nem fere a ninguém

            A nossa alegria é bem do Evangelho
            Vibra e contagia da criança ao velho
            Mesmo entre perigos daremos as mãos
            Como bons amigos, como bons cristãos

            Sempre ombro a ombro, sempre lado a lado
            Vamos trabalhar com muita alegria
            Pelo Espiritismo mais cristianizado
            Pela implantação da paz e harmonia

            A nossa alegria é bem do Evangelho
            Vibra e contagia da criança ao velho
            Mesmo entre perigos daremos as mãos
           Como bons amigos, como bons cristãos  

Fazia muito calor e os quatro ventiladores não davam conta de refrescar o ambiente pela quase inexistência de renovação de ar. Pediram para vibrar pelo médium que nessa altura já estava instalado e algemado na cabine com a grade fechada a cadeado e lacrada com lacre do Correio,

Eram 20h35min quando se apagaram as luzes e iniciaram formalmente a reunião com a prece do coletiva do Pai Nosso. Dr. Acyr fez a segunda prece enquanto eu já observava um foco luminoso em movimento. O médium gemeu um pouco e tossiu bastante. Logo ouvimos palmas, o som de flauta e batidas fortes no peito com o público dizendo: - Graças a Deus!

Dona Benê pediu para o índio Irubi bater novamente no peito para dona Guiomar. Enquanto isso eu fazia uma prece seguida por outra pelo Dr. Ronaldo, o dentista que me atende. E assim ocorreu até o final com cada participante sendo convidado a fazer uma prece.

Percebi então uma sensação de peso na minha nuca, típica de algum envolvimento espiritual. Música suave não parava de tocar na vitrola dentro da cabine.

Ouvimos então um assobio que é o sinal característico da presença do alegre Atanásio. Após cumprimentos, o espírito corporificado, mas não visível assobiou a música “Parabéns a Você”, dedicada a dona Giomar.

Houve inúmeros pedidos para que a entidade enrolasse discos antigos de vini, como por efeito de calor. Pediram um para o médium e outro para o Pedro levar para Miami. Atanásio desconversou e depois falou: - Vou pedir as bênçãos de Jesus para Guiomar e para todos vocês. Neste instante alguém viu com a percepção mediúnica e exclamou: - Ai que luz linda! Eu estou vendo a luz de Atanásio!

Pouco depois outro espírito surge com luz desprendendo-se das mãos. Era a Irmã Josefa que falou: - Estamos com Jesus! Os assistentes bateram palmas e a entidade perguntou: -- Não conhecem mais a irmã Josefa? Em seguida cantaram um hino a sua pessoa, que dizia entre outras frases:

Irmã Josefa sois a expressão da luz

Mensageira divina do nosso meigo Jesus

A entidade rogou: - Que Deus abençoe todos os filhos presentes. Ato contínuo pegou o pandeiro e fez que ele projetasse luz que emanava de suas mãos. Dirigiu a luz a um dos assistentes e bateu o pandeiro na sua cabeça. De súbito projetou forte jato de luz concentrada. Falou que não estava usando o megafone para não desgastar o médium. Espargiu perfume e jogou o terço para alguém dizendo que quem pega o terço vem depressa para o o seu lado. A plateia ri satisfeita.

Atanásio retornou. Disse que gostaria de chamar a todos pelo nome, mas o tempo é escasso. Assobiou uma música, trouxe o violão da cabine com a grade fechada e deu para dona Benê. Fez do pandeiro um ventilador e brincou que ele poderia escapar, para não confiar muito. Perguntou se o Dr. Acyr gostaria de fazer o ventilador e ele disse só quando passar para o lado do Atanásio. O espírito pegou o megafone e disse que estava sem óculos tocando as pessoas com o instrumento.

Chegou o Padre Zabeu que disse estar muito feliz e agradeceu por esta reunião. Conversou com alguns dos presentes. Brincou com a aniversariante e disse que não tem nada a oferecer a não ser a bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ouve-se a flauta do Irubi. A reunião está encerrada. Alguém pede para rezarmos o Pai Nosso. Ouve-se gemidos do médium e depois tosse. Ao acender a luz o médium havia sido transportado para o lado de fora da cabine agora sem algema ou amarras. A reunião de materialização durou 80 minutos.

Carta manuscrita do Chico Xavier para a Fraternidade Espírita Irmão Kamura

Uberaba, 30 de dezembro de 1978.

Prezada irmã Sra. D. Guiomar Buischi Biagi

M. D. Presidente da Fraternidade Espírita Irmão Kamura

São Paulo – Capital

Deus nos abençoe.

Antes de tudo, agradeço a estimada irmã, digna Presidente da Fraternidade Espírita Irmão Kamura, e ao abnegado companheiro de mediunidade, Benedito Cosme, o amparo que recebi do nosso benfeitor espiritual Pai Miguel e as várias cirurgias curativas que me foram aplicadas, pelo nosso benfeitor espiritual e médico da Vida Maior, Dr. Kamura, em outubro e novembro deste ano, por intermédio das faculdades mediúnicas do nosso estimado companheiro Benedito Cosme e com a assistência generosa de sua presença pessoal, representando essa respeitável instituição, benefícios esses pelos quais tenho hoje minha saúde renovada, para a continuidade de minhas pequenas tarefas e deveres de cada dia.

No sentido de expressar-lhe todo o meu jubiloso reconhecimento, foi com muita honra e satisfação que comparaci, em companhia de alguns amigos à reunião dessa digna Fraternidade, na noite de 28 deste mês, sentindo-nos profundamente reconfortados e felizes no ambiente acolhedor em que fomos recebidos, tendo de nossa parte, obtido do Mais Alto a imensa alegria de presenciar, com os amigos referidos, as materializações dos Benfeitores Espirituais, Padre Zabeu, Meimei, Atanásio e Irmã Josefa, através da mediunidade de nosso querido irmão Benedito Cosme, a quem devo, desde muito tempo, auxílio e atenção, generosidade e reconforto.

Querida irmã pelo coração, D. Guiomar, pela nobreza e devotamento, carinho e respeitabilidade com que o seu elevado espírito de compreensão e humanidade, equilíbrio e ordem orienta e dirige essa venerável Fraternidade, tanto quanto protege e assiste o nobre trabalho mediúnico do nosso estimado companheiro Benedito Cosme e das demais e dedicadas equipes de médiuns e obreiros dessa Casa de elevação espiritual e de amor ao próximo, envio-lhe o meu profundo respeito e os meus agradecimentos, rogando a Jesus e aos Seus Divinos Mensageiros lhe sustentem as forças, abençoando a sua nobre missão, agora como sempre.

Com o meu reconhecimento extensivo à toda nossa muito digna Fraternidade Espírita Irmão Kamura, sou, de todos os companheiros, o servidor muito grato.

Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier)

Carta copiada por mim de quadro escrita em papel sulfite branco sem pauta, páginas numeradas, margem e parágrafos ordenados.

 

Declaração manuscrita por Chico Xavier sobre a reunião de efeitos físicos na Fraternidade Espírita Irmão Kamura.

Declaração

Em nossa reunião de agradecimento a Jesus e aos nossos Benfeitores Espirituais, pelas bênçãod por nós todos recebidas do Plano Espiritual, em todo o transcurso deste ano de 1979, realizada mesta noite de 22 de dezembro corrente, na Fraternidade Espírita Irmão Kamura, atualmente presidida por nossa devotada irmã Senhora D. Guiomar Buisch Biagi, com a presença do médium Bendito Cosme, de vários amigos, dentre os quais o nosso companheiro Sr. José Gonçalves Pereira, diretor da Federação Espírita do Estado de São Paulo e fundador da Casa Transitória de Fabiano, nesta capital, o Dr, Tácito Pinheiro machado e outros distintos irmãos e irmãs, tivemos a felicidade de receber preciosos ensinamentos dos Amigos Espirituais, materializados no ambiente. Dentre essas manifestações, acompanhamos, por ordem, as materializações do Padre Zabeu, do nosso benfeitor André Luiz e de um elevado mensageiro do Plano Maior. Recebemos ainda as manifestações tangíveis da Irmã Josefa e do Irmão Atanásio, além de outros protetores que nos assistem na vida, em nome de Jesus. As vozes das entidades e as suas respectivas formas estavam claramente audíveis e tangíveis por todos nós, os irmãos presentes à inesquecível reunião. Dos ensinamentos obtidos, destacamos uma lição que ficará inolvidável, em nossa memória; quando o mensageiro referido se materializou em forma altamente luminosa, em determinado momento, ao despedir-se, o benfeitor André Luiz, ao meu lado, me disse com clareza, diante do emissário que se pusera de joelhos, diante de nós: “veja o quadro inesquecível nesta lição de paz e amor; este amigo que pertence à elevada hierarquia espiritual, está ajoelhado em sinal de humildade, agradecendo à Divina Providência a oportunidade de confirmar perante os irmãos reencarnados na Terra que a morte não existe, por término da vida que continua sempre mais bela, para lá da desencarnação, em planos de luz e renovação, nos quais todos nos reencontraremos um dia para a bênção da Fraternidade em Jesus”.

Terminamos estas notas, agradecendo a Jesus as bênçãos que recebemos, registrando a nossa profunda gratidão aos Benfeitores Espirituais que dirigem esta benemérita instituição, ao nosso caro amigo e médium Benedito Cosme, à nossa querida irmã pelo coração D. Guiomar Buisch Biagi e a todos os corações amigos desta abençoada casa consagrada ao Amor ao Próximo, espalhando constantemente em benefício de todos nós, os irmãos da comunidade humana, os mais altos benefícios traduzidos em proteção e socorro, luz e verdade, paz e amor.

Jesus nos abençoe a todos.

São Paulo, 22 de Dezembro de 1979.

Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier)

 

Carta de Divaldo Franco ao Dr. Kamura (datilografada e assinada).

Salvador, 3 de outubro de 1980 – Dia de Allan Kardec!

Meu amado Dr. Kamura:

Jesus nos sutente sempre na luta de redenção!

Após haver recebido a Misericórdia Divina pelas suas abençoadas mãos de Benfeitor Espiritual, na cirurgia cardíaca de que fui objeto, no último dia 12 de junho passado, deixei que o tempo me fortalecesse o corpo, afirmando os efeitos salutares experimentados, para dirigir-me ao Senhor, expressando toda a gratidão do meu ser, pela bondade e excelência do seu gesto. Não tenho palavras com que lhe expresse o que vai nalma.

Senti a presença das mãos invisíveis e operosas nos tecidos do corpo físico e no períspirito, o que me provocou um pós operatório com todos os sintomas de uma cirurgia, nos dias sucessivos. O organismo parecia-me debilitado e vários outros sintomas orgânicos me afirmavam dos resultados benéficos de que passei a ser objeto.  Prossegui, no entanto, na luta da divulgação da Doutrina Espírita, sem interromper qualquer tarefa, e os dias que se seguiam sempre me ofereciam maior soma de resistência.

No dia 9 de agosto encetei uma larga viagem de pregação por 26 cidades de 6 países europeus, quando proferi 38 conferências e participei de dois simpósios, em apenas 45 dias, sentindo-me disposto e encorajado como nunca.

Agora, col a alma sensibilizada e a mente em prece, de joelhos espiritualmente, osculo suas mãos santificadas no Bem e agradeço, na minha pobreza, todo o bem que o senhor me fez e dissemina a quantos o buscam.

Agradeço, também, profundamente sensibilizado, ao nosso querido médium Benedito Cosme, à abnegada irmã Giomar e toda essa equipe de anjos encarnados e desencarnados que aí trabalha pelo bem, em nome do Sumo Bem, rogando ao Divino Doador mil bênçãos de saúde e paz, progresso e luz para todos eles.

Muito devotado, o servidor e discípulo que o ama, reconhecido,

Divaldo Franco.

 

Declaração manuscrita por Divaldo Franco sobre a reunião de efeitos físicos na Fraternidade Espírita Irmão Kamura.

Declaração

Havendo fruído a honra de participar da sessão de materialização, da memorável noite de 22 de novembro de 1980, na veneranda Fraternidade Espírita “Irmão Kamura”, agradeço a Deus a bênção da oportunidade ditosa.

Ao ensejo, acompanhado pelos irmãos Terezinha e Miguel de Jesus Sardano, ver, como todos os presentes, o desfilar incomparável das Entidades materializadas, que vieram demonstrar a vitória da vida sobre a fatalidade da morte biológica.

A primeira materialização foi do Espírito Hilário Silva, identificado pelo apóstolo da mediunidade, também presente, Francisco Cândido Xavier, que se fez suceder por Atanásio, Irmã Josefa, Scheilla e outros que nos enriqueceram com preciosas lições de sabedoria e amor, que jamais esquecerei.

Impressionou-me, entre os diversos fatos, a elaboração de perfume, extraído das rosas ali presentes na sala, carinhosas recordações dos beneficiários reconhecidos, e cujo líquido em abundância foi distribuído entre todos os participantes do trabalho superior.

Impossível detectar os benefícios ali oferecidos a todos nós, que nos afastamos, conduzindo a certeza de que os Céus haviam descido à Terra, esquecendo nossa pequenez, com o objetivo de alçar-nos à Grande Luz. Louvado seja Deus!

São Paulo, 15 de maio de 1986.

Divaldo Pereira Franco

 

Entre os documentos consultados, também há uma carta de 20 de abril de 1982, assinada pelo presidente da Federação Espírita do Estados de São Paulo, João Baptista Laurito. Ele relata que também esteve para tratamento e no dia marcado para a operação também estava presente Chico Xavier. Agradece ao médium e ao Dr. Kamura o seu reestabelecimento dizendo: “nunca tinha vivido experiência tão marcante como a intervenção a que me submeti nessa abençoada Casa”.

No inverno do ano de 1986 eu levei meu sogro que estava desenganado com câncer no pulmão. Quando chegou a sua vez o Dr. Kamura disse que a doença estava avançada e nada poderia ser feito para retirá-la. Falou que ia aplicar uma injeção para ajudar a não sentir dor. Fez um gesto que pegava uma seringa no ar e puxava seu êmbulo simulando a retirada de algum medicamento e aplicou a injeção no braço do meu sogro.

Enquanto observava não pude evitar o pensamento que aquela encenação era para sugestionar a pessoa para que ela acreditasse que estava tomando realmente uma injeção. Dr. Kamura então falou que eu também estava precisando tomar uma injeção e completou: -- você não está acreditando, não é meu filho? Eu neguei e ele fez o mesmo procedimento e ao aplicar a injeção eu senti a picada e o arder comum de alguns remédios ao penetrar no corpo.

Quando estávamos dentro do carro voltando para casa, conversamos sobre o ocorrido e a medida que meu sogro falava eu sentia forte odor de remédio.


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Eliane Gonçalves, nascida em 1966 atua como médium inconsciente na Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz, cidade de Sabará, MG, desde ...